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Conversa com Clarissa Sacilotto
sobre Product Market Fit

Conversa com Clarissa Sacilotto
sobre Product Market Fit

Clarissa Sacilotto cuidou da administração de franquias na Yazigi; mercado financeiro com ABN Banco Real (trabalho de segmentação do Banco Real e criação do Van Gogh – depois veio fusão do business) e hoje presta consultoria para grandes corporações como Leroy Merlin e startups como RD Station, Descomplica e muito mais.

Estes são os principais insights que tiramos da conversa com ela:

– Fez mais de 100 cafés e almoços quando saiu para contar a história de como sair, anotar tudo que aprendia, tabular o mercado e aprender como estavam enxergando desafios de marca, segmentação etc.

– Criar a visão customer centric do PMF ao dia a dia é uma necessidade “always on”, todas as empresas precisam disso constantemente.

São 5 passos para uma empresa customer centric: definições e escolhas precisam ser feitas (escolher uma proposta de valor e um segmento), perguntas precisam ser respondidas (hipóteses), pessoas precisam estar aderentes à cultura (quem está junto está jogando a favor ou contra?), processos precisam estar bem desenhados (para ter a jornada fluida), e ferramentas indicadoras a serviço de tudo isso.

– Começar por segmentação, personas e proposta de valor. Qual segmento está mais aderente aos seus produtos? Precisa ter uma clareza disso e começar aqui. Precisamos investigar primeiro isso. É difícil começar por “propósito, missão e visão, posicionamento” – isso costuma acontecer depois de ter segmentação, personas e proposta de valor definidas.

Muita gente erra querendo definir linguagem e arquitetura de marca primeiro. Define qualquer um e depois pensa nele melhor. Tudo depende totalmente da definição de segmentação, personas e proposta de valor. Depois disso tudo feito, precisa ter um monitoramento.

– Ao entrar em uma startup inicial: olha pra quem você vende hoje e pergunta com ela. Quais são as hipóteses? Primeira conversa é qual é o driver de segmentação que você SENTE gerindo o negócio? Faz uma amostra de pesquisa que considera isso, conversa com 3 a 4 empresas pelo menos de cada um e ver respostas se elas se diferenciam. Se existem expectativas de propostas de valor diferente pelo driver imaginado, então faz sentido – mas se as respostas foram diferentes, não faz sentido.

Processo de discovery exige sensibilidade do negócio. Qual é a intuição que você tem? Não é só dado de CRM, isso é balela, tem que ter barriga no balcão e escuta ativa do cliente. Se tem base de dados, ok – mas não é só isso.

– Marca é um jeito de ser e fazer as coisas – não é logomarca – e que influencia criação de produtos e serviços. É identidade percebida por quem se relaciona com ela. Como capta isso na pesquisa? Por exemplo: o que é a Samsung em uma frase pra você?

– Cultura: fundador abre pauta semanal pra sempre falar sobre valores; falar de missão, visão e valores e do quanto estão caminhando ou desviando disso? A cultura são tão mais forte quanto mais você bater nessas teclas. Reuniões trimestrais eram feitas começando falando dos valores da marca, principais indicadores, etc.

– Quem são os stakeholders? É importante tentar sistematizar isso para saber gerir da melhor maneira. Qual percepção você quer gerar pra cada um deles? Em quais veículos o seu cliente se informa? Conhecer bem os stakeholders passa por isso também. Isso faz parte do customer discovery. Pesquisas não eram só com clientes, mas também com stakeholders. Importância desse tema (saber seus públicos) se traduz em assertividade na comunicação e melhores resultados consequentemente.

– PROPOSTA DE VALOR: inclui produtos e serviços, modelo de atendimento, preço, comunicação e jornada – inclui tudo isso. Mapear pontos de contato com a sua marca também é muito importante. Precisa ser “focada no foco do cliente”: entendimento profundo das suas dores, necessidades e desejos, mesmo que não explícitos ainda.

– Exemplo de uma pergunta: antes do cliente comprar, pode-se perguntar ao cliente como ele gostaria de comprar aquilo. Pode ser feito na mesma pesquisa sobre proposta de valor e depois de distribuição/entrega.

– Exemplo da Netflix: trabalhou a surpresa de começar a pagar A e ir pra B no primeiro argumento etc. Proposta de valor muito bem desenhada.

– COMO DESCOBRIR TUDO ISSO? Primeiro, precisa descobrir com qual público estou trabalhando – um framework pra cada um.

– Importante conceituar: benefícios funcionais/tangíveis; também benefícios emocionais/intangíveis.

– Exemplo de formato de entrevista: em que ano você nasceu ou quantos anos tem? (pra fazer referências depois) / escolaridade / ocupação/atividade profissional. // o que te motivou a escolher esse produto? (entender o motivo) / o que você entendeu pelo benefício do produto? (pra ver se entenderam o que eu quis dizer) / teve alguma interação com a marca depois? / depois da compra, o que você esperava como próximos passos? / qual sua preferência de canal de atendimento? / qual modelo ideal de relacionamento pra você no caso do que você comprou – canal, frequência, assuntos que interessam? sempre perguntando por que / conhece alguma empresa que é referência positiva pra você? / o que te incomoda no atendimento de empresas? / o produto que adquiriu de 1 a 5? atendimento pós venda? etc / qual outra empresa é concorrente direto? / o que falta pra você ficar mais satisfeito? / recomenda? / sugestões adicionais?

– Dá pra usar redes sociais para pesquisas? Evite tudo que cliente responde rápido e de qualquer jeito. Pode ter um ou outro tema, mas depende da profundidade. Internet é enquete e dar opção. A qualidade da resposta não vai passar por preguiça mental? Então pode usar internet. VOCÊ TEM QUE TER TRABALHO, NÃO O CLIENTE.

– “Estamos desenvolvendo novo produto e gostaríamos muito de te ouvir”. Pessoas se sentem úteis contribuindo. O que não funciona: nunca pra responder pela internet, ela quer se livrar e não dá certo. Liga, marca um Zoom. É um processo mais caro, mas é um processo muito mais rico.

– Como saber quantas pessoas entrevistar? Entrevistar 4 ou 5, mas precisa estar clusterizada. Precisa ser individualmente. Focus group só pra falar com colaborador. Como encontrar cliente? Parte da base que tem e pega por amostragem 4 a 5 de cada cluster. Importância de ter clientes recentes ou recorrentes. Processo investigatório precisa entender o problema a ser resolvido.

– Primeiro entender para depois mostrar uma demo. Segura a ansiedade enquanto marca, ouça primeiro o cliente.

– Se são 3 públicos, são 3 propostas de valor. Persona é uma instrumento didático pra personificar algo.

– O MAIOR ERRO É ACHAR QUE JÁ SABE. TEM QUE ESTUDAR E TEM QUE CONTINUAR. AQUELA SITUAÇÃO É IMPORTANTE, O MOMENTO. Quando as startups já existem há um tempinho, elas já têm uma humildade.

– Quanto tempo demora todo o processo? Às vezes, vai um ano, um ano e meio e demora – mas descobre. Com ela, não é menos que 4 meses – imagina pra quem não contrata uma consultoria como a dela.

CONEXÃO COM O CLIENTE DÁ TRABALHO MESMO. NÃO É BULSHITAGEM.

Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4980, Jardim Paulista, São Paulo – SP, Cep 01402-002
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12 lições sobre Product Market Fit

A dozen lessons about
product market fit

1: Um jeito de olhar venture capital é pensar em construir algo com um tripé: pessoas, mercados e produtos inovadores. Todas os 3 pés são necessários para o sucesso. Dentro disso, existem diferentes VCs que priorizam diferentes partes, mas é uma boa abordagem considerar sempre o mercado como o mais importante, porque depois podemos mudar as pessoas ou o produto – mas nunca o mercado.

 

2: Uma hipótese de valor é uma tentativa de articular a principal suposição de por que um cliente pode usar seu produto. Product market fit é encontrar uma hipótese de valor que se prove. Você pode ser muito bom no que faz, mas se o mercado não gosta, não adianta. Ao mesmo tempo, você pode não ser tão bom no que faz, mas se o mercado gostar, algo especial vai acontecer (“first market, then your team”). Alguns VCs colocam a ênfase no empreendedor primeiro, mas é uma questão de ênfase e também de timing. 

 

3: Por muitas vezes, você tropeça no product market fit por acaso – mas o processo pra você chegar a tropeçar no PMF é incrivelmente consistente (Andy Rachleff). Tem o curso do Rachleff em Stanford chamado “Aligning startups with their markets”. Steve Blank também, mesma coisa: comece com uma hipótese, teste ela, prove ela e depois siga em frente. A hipótese de valor tenta definir o que você vai construir, quem está desesperado por isso e qual o modelo de negócio usado para entregar isso. PMF emergem de experimentos, simples assim, é através de uma série de experimentos de construir/medir/aprender. Não é um momento “a-ha”. 

 

4: Dá pra sentir quando ainda não atingiu o PMF: clientes não percebem tanto valor, boca a boca não espalha tanto, uso não cresce tanto etc. Também dá pra sentir quando atingiu. 

 

5: Existem empreendedores que confundem product market fit com growth e métricas de vaidade (curtidas, seguidores etc). Nada ilustra tão bem o PMF do que vendas. 

 

6: Muitas startups acham que chegaram ao PMF, mas na verdade não chegaram. Idealmente nos estágios mais iniciantes no processo de desenvolvimento de produto o mercado “puxa o produto” da startup organicamente.

 

7: Ser o primeiro no mercado raramente importa. Já ser o primeiro a ter o PMF é quase sempre o fator vencedor no longo prazo. 

 

8: O PMF não é um “big bang event”. Não é tão óbvio quando você realmente tem o PMF. Ao alcançar o PMF, você pode perdê-lo (embora seja difícil). Mesmo alcançando o PMF, você vai ter que ralar contra a concorrência. É necessária constante adaptação para alcançar o PMF (palestra Rodrigo Tognini falando do Conta Simples). 

 

9: Startups precisam normalmente de 2 a 3x mais tempo do que acreditam para encontrar o PMF. Precisam tomar cuidado com escalar prematuramente (investir recursos antes dessa clareza), principalmente por causa da pressão pelo ROI. Em um estudo, aproximadamente 70% já escalou prematuramente em algum âmbito e isso pode ser causa de 90% de mortes de startups. 

 

10: O processo de experimentação com base em descobertas é necessário – pense em melhorar seu produto apenas depois de encontrar o PMF. Pense também que o mercado não se importa se seu time é bom – somente se importa se seu time entrega/produz o produto viável para resolver sua dor. Se praticamente todo mundo no business estiver focado em preencher essa demanda pelo produto em vez de imaginar novas features pra criar demanda, muito provavelmente você alcança o PMF. 

 

O PMF não é mágica – e também não é a fórmula mágica pra tudo. Depois dele, você precisa construir um modelo de negócio sustentável e criar uma proteção contra competidores. O que o PMF faz é evitar com que você gaste todo seu dinheiro em algo que vai falhar.

 

11: No geral, contratar antes do PMF te desacelera e contratar depois do PMF te acelera. Pense em iterações e faça o máximo possível. É isso que é preciso para o PMF. Faça o que for necessário para atingi-lo. Depois de alcançá-lo, ignore quase todo o restante. 

 

12: Chris Dixon diz que founders precisam escolher um mercado bem antes de ter alguma ideia (founder market fit).

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